Saturday, June 30, 2007

Hélio Gracie by Gracie Lisboa



Um dos meus primeiros contactos com GJJ foi o documentário Gracie in Action, onde Hélio Gracie lutava com Kato e Kimura. Desde então sempre quis conhecer o fundador deste sistema, não tanto pela técnica que me poderia mostrar, mas pela pessoa em si e sua história. Tive oportunidade de o conhecer, quando esteve na inauguração da nova academia do seu filho Robin Gracie em Barcelona, em Junho de 2007.

Hélio Gracie, aos 95 anos, ainda mantém a atitude irreverente e ousada com que revolucionou o mundo do combate desarmado no séc. XX. Ao fim de 80 anos a fazer jiujitsu, todos os dias que esteve em Barcelona se apresentou na academia, sempre com o pretexto de ver os treinos, mas sempre à espera de uma oportunidade de vestir o seu kimono (ou outro kimono qualquer disponível no momento) e subir para o tatami. Seria de esperar que quisesse fazer outra coisa, visitar a cidade, ir à praia, descansar, mas não, todos os dias estava na academia. Apesar da idade e do corpo marcado pelo treino e combates, sempre que questionado sobre alguma situação técnica respondia “…não sei, só vendo. Robin… manda ele vir aqui e fazer em mim… e manda assentar o pau!”. Numa das aulas, ao demonstrar uma passagem de guarda, custou-lhe levantar-se, e, após uma fracção de segundo de pausa fez um ar de como “que se lixe a dor” e levantou-se mesmo e executou a técnica. Depois explicou, além do joelho que apresentava um ângulo fora do normal, “tenho um dedo do pé bombardeado, custa fazer a posição”.

Num treino, ao ver uma técnica demonstrada pelo seu filho questionou “porque está fazendo assim? e se o cara defender dessa maneira?” ao que Robin respondia que era só para demonstrar a oportunidade naquela situação “…mas a posição dele esta errada, isso não existe!”. Dois minutos depois estava no tapete com o casaco de kimono e os calções de andar na rua, e passou a dar a aula começando com a sua solução para posição a que tinha assistido “eu boto a perna aqui [gancho nas costas] e enforco ele na marra!”. Na altura em que assistia às lutas na academia observava-se como reagia, como se estivesse ele a lutar no lugar dos alunos, vivendo todas as lutas como suas. Por vezes dava indicações, a maioria delas baseavam-se no uso da sua arma preferida, o estrangulamento, “não tem valente, vai dormir” dizia.

No seminário de 2 dias demonstrou sempre as técnicas com a pessoa que colocava a questão. Muitas vezes os participantes, ao esperarem uma solução milagrosa para a sua dúvida, eram surpreendidos com uma resposta simples e prática, sem complicações, e sem risco. Ao ser confrontado com o facto de que a solução que apresentava não era permitida em campeonatos, respondia “o nosso jiujitsu não é de competição, é de briga”. Abordou factos da sua história, as várias lutas, a diferença entre os seus 63kg e os adversários mais fortes e pesados, como alterou e desenvolveu as técnicas que fazem parte do sistema, a dieta Gracie, e a vida de um praticante “antes eu era brigão, inseguro, depois de fazer jiujitsu fiquei confiante e tranquilo, pois sabia que ninguém me ia ganhar, sabia que não ia apanhar… hoje em dia quem faz jiujitsu está em superioridade, pois sabe que não vai apanhar, aí fica mais tranquilo e seguro de si, não precisa ter medo”. A noção do desenvolvimento do seu sistema de jiujitsu pelo mundo não lhe escapa “isso fui eu que criei, hoje todo o mundo faz o nosso jiujitsu. É o sistema mais completo, que oferece mais soluções. Como é baseado na alavanca, qualquer pessoa pode fazer, mesmo uma pessoa fraca como eu”.

De facto, a sua estrutura foi o que o levou a alterar as técnicas, pois como afirmava, não conseguia fazer as coisas que o seu irmão fazia, pois era muito fraco. Assim, procurou desenvolver o sistema para que o pudesse usar sem ter que recorrer à força. A defesa pessoal era o seu objectivo principal, não apanhar, usando a alavanca. Embora hoje o jiujitsu seja visto como uma modalidade de competição. Hélio Gracie não o considera como tal. Na sua visão, é um método de defesa pessoal, ganhar confiança e viver melhor, “uma pessoa confiante não briga, não precisa provar nada”. O seu método, como demonstrou, não se baseia apenas em técnicas de luta no chão: “uma luta eu venci com um chute na costela do adversário, em pé, eu acertei e o cara ficou nocauteado, acabou ali mesmo”. Quando questionado sobre se treinava outras modalidades (boxe, wrestling, etc.) afirmou que não precisava, que o seu jiujitsu oferecia todas as soluções., e que nem treinava como bater nos adversários, era só aproveitar a oportunidade que o oponente dava, na altura logo via o que estava à disposição. Noutra situação um aluno estava a imobilizá-lo de lado e ao fim de algum tempo montou e Hélio Gracie não defendeu a passagem para a montada, mas depois aproveitou e saiu da montada mais tarde. Depois explicou “eu sou fraco, não vou conseguir tirar o cara da posição atravessada, então eu deixo montar que é mais fácil sair, só não deixo que me ganhe”. Ganhar, na sua lógica, significa o adversário finalizá-lo, ou deixá-lo fora de combate, como tal não se importa que o adversário monte, pois sabe que acabará por sair “luto sempre para não perder, se puder ganho, mas se não puder, então luto para não perder”.

A dieta Gracie está também sempre presente na sua vida, a mesma desenvolvida pelo seu irmão Carlos que lhe permitiu ultrapassar as limitações que tinha enquanto jovem e lhe deu energia para treinar diariamente. Baseada em grupos de alimentos, esta era a base das refeições de toda a família, e segundo Hélio Gracie, fornecia aos lutadores a energia, saúde e bem-estar para o treino e sua vida diária. Talvez seja o segredo da sua longevidade. Um aluno francês falou com ele e desejou que tivesse uma vida longa, ao que respondeu “já tenho!”.

Hoje, Hélio Gracie, uma lenda viva, ainda fervilha com jiujitsu. Vibra sempre que está no tapete, ou a ver uma aula ou treino, sorri cada vez que o colocam numa posição e lhe colocam uma questão. Na sua mente viajam estrangulamentos, chaves, manobras, as memórias de todas as suas lutas, os treinos, as aulas, os filhos, o jiujitsu Gracie… Impressionou-me a sua força e vontade, o ânimo e entusiasmo no tapete e fora, a determinação que se mantém, a mesma que o fez investigar e desenvolver o sistema de luta mais procurado no mundo actualmente.

João Santos

Thursday, June 28, 2007

Hélio Gracie na Europa / Inauguração da Gracie Barcelona



Hélio Gracie, fundador do Gracie/Brazilian Jiu-Jitsu, esteve em Barcelona para inaugurar a nova academia do seu filho mais novo, Robin Gracie, dia 21 de Junho. No evento estiveram a representar a Gracie Lisboa, João Santos e Hélio Perdigão, tendo aproveitado a estadia para participar no primeiro seminário de Hélio Gracie na Europa, juntamente com Daniel, e os elementos da Gracie Barra que se deslocaram para participar no seminário, Kiko, Alexandre Machado e Pedro Resende.
Aos 95 anos de idade, Hélio Gracie mostrou a sua visão que revolucionou as artes marciais, sempre com disposição e receptivo a qualquer questão colocada. Para além das técnicas, aproveitou ainda para partilhar algumas histórias da sua carreira, informações sobre a dieta Gracie, a sua perspectiva sobre o jiu-jitsu, e a vida em geral.
Em breve colocaremos mais informações e fotos sobre o evento

Sunday, June 10, 2007

Hélio Gracie em Barcelona



Hélio Gracie, fundador do GJJ e uma lenda viva nas artes marciais, vai estar pela primeira vez na Europa, para inaugurar a nova academia do seu filho Robin Gracie em Barcelona, dia 21 de Junho. No fim de semana, Hélio Gracie vai dar dois seminários na mesma academia, um dia 23 e outro dia 24. Para mais informações ver http://www.graciebarcelona.com

Também na Luta

Hélio Perdigão vence o campeonato nacional de luta livre na categoria de 74kg e Miguel Rodrigues fica em terceiro na categoria -66kg. Disputado no Algarve no fim-de-semana passado, os dois lutadores fizeram lutas duras até alcançarem os excelentes resultados.

William faixa roxa



O nosso amigo William Patriot, aka O Francês, ganhou a faixa roxa há poucos dias em Barcelona, das mãos de Robin Gracie. William, que já esteve a treinar na Gracie Lisboa várias vezes, viaja com regularidade de Paris para Barcelona para treinar. Parabéns Francês!!!